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Técnica do Duplo Swab

 

​ Em 02.06.2020

          A técnica do Duplo Swab foi sugerida em 1997 (Sweet et al., 1997) para coletar amostra de saliva na pele humana, em caso de mordidas, a fim de se extrair eventual DNA do agressor. É uma técnica eficiente e ainda muito utilizada nos meios periciais atualmente na qual se utiliza uma haste flexível contendo um algodão estéril em uma de suas extremidades (= Swab – Figura 01) para coletar evidências biológicas numa cena de crime, incluindo a coleta de DNA exíguo em superfícies eventualmente tocadas por um criminoso (“touch DNA” ou “transfer DNA”). A técnica do Duplo Swab funciona da seguinte forma: numa superfície de interesse que se quer analisar, esfrega-se um swab úmido (usando movimentos circulares com pressão moderadamente forte por cerca de 10-15 segundos) para coletar a evidência biológica, seguido pela passagem de outro swab seco exatamente na mesma área para remover o restante do material que permaneceu na superfície analisada. Portanto, para cada ponto escolhido pelo profissional que está analisando uma cena de crime ou um objeto, realiza-se a coleta com 02 (dois) swabs, conforme preconiza a técnica. Cabe consignar que o primeiro swab deve ser umedecido com água destilada, água deionizada ou com água ultrapura (sugestão: água para injeção – Figura 02). Todos os swabs devem estar adequadamente secos antes do empacotamento e envio para o laboratório de DNA.

          É relevante mencionar que para maximizar a coleta de DNA e minimizar mistura e/ou contaminação, recomenda-se coletar individualmente o eventual material biológico em pontos distintos de um mesmo objeto, ou gotículas individuais de substância hematóide constatadas numa cena de crime, especificando num relatório de qual ponto foi coletado, por exemplo: “coleta da porção interna da lente de um óculos de sol”, “coleta da porção externa da lente de um óculos de sol”, “coleta do volante do veículo com placas yyy xxxx”, “coleta da maçaneta interna da porta anterior direita do veículo com placas yyy xxxx”, “coleta da porção de contato com a cabeça de uma máscara de mergulho”, “coleta de substância hematóide do interruptor de luz do quarto #01”, etc.

           Em Janeiro de 2020 foi publicada uma pesquisa muito interessante sobre o rendimento da técnica do Duplo Swab (Hedman et al., 2020). Para superfícies não-absorventes (vidro, metal, couro sintético, plástico, etc.), foi verificado que o primeiro swab úmido forneceu pelo menos 16 vezes (variando até 52 vezes) mais DNA que o segundo swab seco. Além disso, os autores indicaram que a coleta usando o segundo swab também úmido (chamada aqui de técnica do ‘Duplo Swab adaptada’) forneceu mais DNA do que com o uso do segundo swab seco, como sugere a técnica original do Duplo Swab. Por fim, concluíram a pesquisa informando que a técnica do Duplo Swab pode ser preferível para algumas superfícies complexas, mas a eficiência da técnica de amostragem realizando apenas um único swab úmido em geral é suficiente.

          O que é importante que o profissional da cena do crime tenha em mente é a astúcia em coletar em vários locais onde possivelmente o criminoso tenha manipulado ou locais nos quais houve contato, mesmo que mínimo, do suspeito, usando ou um único swab úmido ou a técnica do Duplo Swab (original ou adaptada) para cada ponto de interesse. Em outras palavras, maximize sua coleta em quantos swabs forem possíveis, para distintos locais numa mesma cena de crime. Os mais distintos fluidos biológicos podem ser fontes importantes de DNA e devem ser coletados em locais de crime, tais como: saliva, sêmen, sangue, urina, fezes, entre outros materiais, assim também como células epiteliais eventualmente transferidas da pele para eventuais objetos manipulados.

Figura 01. Hastes flexíveis contendo algodão estéril em uma de suas extremidades (= Swabs).

Figura 02. Água para injeção pura, encontrada também em farmácias.

Água para injeção.jpg
Swabs.jpg

Tabela 01. Locais/superfícies de coleta e quantidades extraídas de DNA para análise (com uso do primeiro swab úmido). Para mais detalhes favor consultar os estudos de Hedman et al. (2020) e de Pang & Cheung (2007).

Tem dúvidas sobre o assunto? Não perca tempo, faça perguntas, sugestões ou até mesmo críticas ao autor deste comentário através do email splicinginminds@gmail.com

- Referências Sugeridas -

Sweet D, Lorente M, Lorente JA, et al. An improved method to recover saliva from human skin: the double swab technique. J Forensic Sci. 42 (2): 320-322. 1997.

Pang BCM & Cheung BKK. Double swab technique for collecting touched evidence.  Leg Med (Tokyo). 9 (4): 181-184. 2007.

 

Hedman J, Jansson L, Akel Y, et al. The double-swab technique versus single swabs for human DNA recovery from various surfaces. Forensic Sci Int Genet. 46: 102253. 2020.

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Dr. Caio Cesar Silva de Cerqueira

Biólogo – Geneticista – Perito Criminal

Criador do Site www.operito.com.br

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